Quando John Piper veio ao Rio de Janeiro ano passado, se eu
soubesse que o tema ia ser “o propósito mais importante do mundo: alegria”, eu
provavelmente não iria ao evento. Se não conhecesse, iria julgar se tratar de
mais um desses pastores que falam uma mensagem centrada no homem, que mais
parece um discurso de auto-ajuda e psicologia num rótulo gospel. Se eu visse
numa livraria o subtítulo do livro “o caminho para prevalecer sobre as
promessas enganosas do pecado”, eu provavelmente não o compraria. Iria julgar se tratar
de mais um desses livros que buscam reduzir o evangelho a alguns passos para a
felicidade, através dum evangelho diluído.
Mas, Piper passa por esses temas tão frequentemente mal
explanados na Igreja através de uma exposição correta, clara, saudável, correta,
apaixonada e muito profunda das Escrituras. Aliás, essa é uma das principais
características do autor, profundidade. Ele capta verdades bíblicas imensas e
condensa em um parágrafo. Não se trata de uma leitura a ser feita com o cérebro
em ponto-morto. Aliás, o autor fez este livro em 31 pequenos capítulos, para
serem lidos diariamente, de forma que se possa refletir em cada um deles.
A graça é um desses assuntos, que de tão básicos não damos
importância. Achamos que o dominamos. Afinal, nós já somos crentes mais maduros,
não é? Isso foi na classe de novos convertidos. Ou talvez a de adolescentes na
EBD... Se você não der ouvido a esses pensamentos e resolver ler esse livro,
tenho certeza que maravilhosos tesouros espirituais estarão no seu caminho.
Nas palavras do autor: “Ninguém peca por obrigação. Pecamos
porque o pecado oferece alguma promessa de felicidade. Essa promessa nos
escraviza até crermos que Deus é mais desejável que a própria vida. Isso
significa que o poder da promessa do pecado é quebrado pelo poder da promessa
de Deus. Tudo o que Deus promete ser por nós em Jesus está em contraste com o
que o pecado promete ser por nós sem ele. Essa grande perspectiva da glória de
Deus é o que eu chamo graça futura. Estar satisfeito com isso é o que chamo fé.
E por isso a vida sobre que escrevo neste livro é chamada viver pela fé na
graça futura.”
Essa é a única maneira de vivermos em santidade e de
encontrarmos alegria. Só assim lançaremos fora a ansiedade, orgulho, vergonha,
impaciência, cobiça, amargura, desânimo, lascívia. Ansiando por Deus e vivendo
pela fé. A fé pela qual somente a graça perdoadora justifica é também a fé pela
qual a graça capacitadora santifica. Se Deus não poupou seu próprio Filho, não
nos dará também com ele, graciosamente, todas as coisas?
E o mais legal que achei no livro foi quando disse que o
sacrifício de Cristo na cruz, ainda que imensurável em seu valor, não é a
melhor parte. Mas que ela nos garante a graça futura de estarmos desfrutando
dele. Ele estará conosco e será o nosso Deus eternamente.
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